Após ter adotado uma postura de neutralidade na eleição presidencial de 2022, quando disputava o governo da Bahia, o ex-prefeito ACM Neto afirmou que, para a corrida presidencial de 2026, é “completamente contrário à neutralidade” do seu partido, o União Brasil.
Em entrevista publicada ontem (27) pelo jornal O Globo, ACM Neto, que é vice-presidente nacional do União Brasil, defendeu que a legenda adote uma posição clara diante do governo petista. “É preciso afirmar a postura de oposição ao projeto do PT e o desejo de construir uma candidatura alternativa para 2026”, declarou.
Durante as eleições de 2022, mesmo com opções à polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), ACM Neto escolheu não apoiar nenhum candidato, decisão que, segundo ele, foi estratégica em função da sua candidatura ao governo baiano.
Agora, a expectativa é diferente. “Eu desejo ter um candidato à presidência da República no próximo ano, diferentemente do que aconteceu em 2022, quando eu não tinha candidato. Eu mantive uma neutralidade em relação à disputa presidencial. O desejo agora é ter um candidato que, de preferência, seja alguém que represente o centro ou a direita, e que possa enfrentar o presidente Lula nessa disputa”, afirmou.
Questionado sobre possíveis nomes para disputar o Planalto, ACM Neto mencionou a pré-candidatura do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), lançada em abril, em Salvador, e evitou descartar outros nomes, como o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). “Defendo que haja conciliação ampla lá na frente”, disse.
Na mesma entrevista, o ex-prefeito voltou a defender que o União Brasil entregue os cargos que ocupa no governo Lula, apesar de parte da sigla integrar a base aliada, como o deputado federal Elmar Nascimento e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. Segundo ele, essa discussão ocorrerá dentro da federação que o partido integra com o PP, também presente na gestão federal.
Apesar da posição nacional contrária ao governo, ACM Neto reconheceu que podem existir exceções regionais. “É possível. Não creio que seja a expectativa de ninguém obrigar os estados a seguirem necessariamente uma diretriz nacional. Preferencialmente, sim. Obrigatoriamente, não. A depender de qual seja a equação, é preciso respeitar”, contou.
Sobre o momento de turbulência vivido pelo governo Lula, Neto opinou: 'Lula não compreendeu que não foi eleito pelo PT, nem pelas esquerdas. Foi eleito por um eleitor que o rejeitava menos do que rejeitava Bolsonaro, mas ele virou as costas para esse eleitor".
"Lula governa com o PT e para o PT. E a versão Lula 3 é muito pior do que a 1 e a 2. Eles imaginavam que conseguiriam reeditar programas que deram certo no passado, não conseguiram. A economia patina. E a gente vê um governo que cheira a mofo.
Prometeram picanha e cerveja e estão entregando café, carne, gás de cozinha, ovo com preço lá em cima. É tudo isso que faz com que o governo esteja mal e na condição de reprovação que eles nunca tiveram antes. Inclusive no Nordeste", completou.