A Bahia registra um dos períodos mais críticos de calor dos últimos anos, com destaque para o Raso da Catarina, na região nordeste do estado, onde as temperaturas chegaram a ultrapassar em 5°C a média histórica entre o fim de março e o início de abril de 2025. A área, que integra a Caatinga, foi identificada desde 2023 como a primeira região árida do Brasil, com características climáticas semelhantes às de desertos.

O vermelho intenso no mapa climático divulgado por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) indica a maior anomalia térmica registrada no país. No Raso da Catarina, os termômetros marcaram mais de 37°C neste início de abril, enquanto o esperado para o período seria em torno de 33°C. Em 2024, na mesma época, a média foi de 34°C.

O estado tem enfrentado temperaturas acima de 34°C, quando o normal seria menos de 32°C, de acordo com dados do levantamento feito pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélite (Lapis), da Ufal, coordenado pelo professor Humberto Barbosa.

Segundo o estudo, a Bahia está entre os dez estados mais impactados pelo calor extremo nos primeiros meses de 2025. Em fevereiro, ocupou a sexta colocação, com 52 dias de temperaturas pelo menos 2°C acima da média. O ranking foi liderado por Alagoas, com 59 dias de anomalia térmica.

Os pesquisadores alertam que 60% da população brasileira está sob influência do calor extremo e apontam a atuação de uma massa de ar seco como um dos fatores principais.